Uma cidade onde o verde se mostra mais verde e moradores respiram melhor, dando um feedback ao meio ambiente. Marechal Deodoro, vocacionada ao "turismo de natureza", engaja-se na luta a favor de um ecossistema tão renegado por simples atitudes que deixam complexas marcas: sujeira, poluição, chão e céu escuros. Há sete meses, ações começaram a ser desenvolvidas no município, como encerramento do lixão, projeto de produção de energia solar e recolhimento de pneus e até óleo de cozinha. Além disso, a tecnologia ambiental voltada a um sistema de gestão de resíduos e de licenciamentos. Tudo para um bem maior a ser alcançado em um breve futuro: a harmonia ambiental.
A Gazetaweb conversou, nesta semana, com o secretário do Meio Ambiente de Marechal, Mateus Gonzalez. O gestor apresentou a realidade atual do município, que, em sete meses, vem transformando a vida dos moradores, proporcionando, assim, maior qualidade de vida. Entre os pilares, estão educação ambiental, arborização e resíduos; licenciamento; e fiscalização e monitoramento.
As primeiras medidas ambientais foram adotadas no lixão da cidade, que só gerava prejuízos para a saúde de dezenas de famílias que dele sobreviviam e de comunidades circunvizinhas. Ainda em janeiro, ele foi encerrado e todos os dejetos passaram a ser recolhidos e armazenados no aterro sanitário situado no Pilar, através de convênio firmado em um consórcio público entre prefeituras.
Com a desativação do lixão, as famílias deveriam ficar desassistidas, o que não ocorreu. Ao todo, 27 foram retiradas - algumas se deslocaram para a casa de parentes e outras receberam imóveis de um conjunto habitacional. E não parou por aí, já que as famílias precisariam tirar o sustento diário. Para isso, foi criada uma cooperativa de catadores em um galpão.
"Elaboramos um plano de recuperação da área degradada pelo lixo. Isso compreende um campo de produção de energia solar que será construído, trazendo economia para a cidade. Será um uso nobre para a área, pois produziremos energia limpa e renovável, reduzindo custos", disse o secretário.
PRODUÇÃO DE SABÃO E DETERGENTE
E que tal transformar óleo de cozinha em sabão e detergente, e o melhor, trazendo melhorias para o comércio local? Esta foi outra iniciativa do Município. Com a coleta de cerca de oito mil litros, que seriam descartados de forma irregular, a cooperativa de reciclagem criada vai transformar o óleo em sabão e detergente. Com a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Município pretende comprar o produto da própria cooperativa e fazer a distribuição, beneficiando, assim, os pequenos e grandes comerciantes da região, cadastrados no projeto.
A cada quinze dias, as equipes da Secretaria do Meio Ambiente e os funcionários da cooperativa de reciclagem de óleo de cozinha de Marechal Deodoro (Cooperoleo), percorrem bares e restaurantes.
"A cada litro de óleo descartado incorretamente, cerca de vinte mil litros de água são contaminados. Com o recolhimento, o projeto evitou que cerca de cento e sessenta milhões de litros de água fossem poluídos ao longo dos últimos meses. A ideia da secretaria é que, em pouco tempo, além de realizar a coleta do óleo, o sabão produzido seja usado pelos órgãos e escolas municipais, gerando economia para a Prefeitura de Marechal Deodoro e renda para a cooperativa", explicou o secretário ao citar que os projetos incluem a logística reversa de óleo lubrificante e suas embalagens, em que este produto retorna para o processo industrial de fabricação do próprio óleo.
FIM A PNEUS VELHOS
Os projetos ambientais contemplam, também, a chamada "logística reversa de pneus". O objetivo é evitar o descarte inadequado, já que os pneus podem levar centenas de anos para se degradar, além de sua exposição ser um risco de incêndios. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), em sua resolução nº 258/99, revogada em 2009, proíbe a disposição de pneus em aterros sanitários e responsabiliza os geradores para que haja destinação final de forma ambientalmente adequada e segura de pneumáticos.
Para a concretização desse projeto, na prática, foram cadastradas 21 borracharias e estabelecimentos com atividades afins. Em março, as coletas e o transporte foram realizados. O recolhimento é realizado uma vez por mês, a fim de evitar o acúmulo de pneus nas vias públicas e terrenos baldios.
Após o recolhimento, os pneus coletados são armazenados em local coberto e fechado, evitando o acúmulo de água em seu interior e, consequentemente, a proliferação de mosquitos. Os mesmos também recebem tratamento com larvicida pelos agentes de endemias do município.
"Os pneus coletados são destinados à Reciclanip, empresa paulista responsável pela reciclagem através da sua trituração para reutilizá-los como combustível alternativo para as indústrias de cimento. Segundo a Confederação Nacional da Indústria, a destinação final em fornos de cimento é a opção que possibilita o descarte de um grande volume de pneus inservíveis, tanto inteiros quanto picados. Um único forno com capacidade de produção de mil toneladas/dia pode consumir até cinco mil pneus por dia, de forma segura e eficiente", destacou Gonzalez.
Desde o início da campanha de recolhimentos de pneus no município, já foram coletados 1.490 nas borracharias cadastradas de Marechal Deodoro, entre eles, pneus de carro, caminhão, motocicleta e bicicleta.
TECNOLOGIA
A pequena transformação ambiental não poderia avançar sem a tecnologia. Através dela, foram criados dois sistemas de gestão ambiental: o de resíduos e o de licenciamento, fiscalização e monitoramento. São grandes inovações para o controle ambiental, sendo modelos inéditos em Alagoas.
O sistema de gestão de resíduos, por enquanto, tem como alvo os grandes geradores de lixo, ou seja, os que produzem acima de 100 litros/dia, a exemplo do comércio e construção civil. "O sistema abrange três cadastros, que são o do gerador, o do transportador e o cadastro do destinatário final. É uma maneira de darmos um destino correto ao lixo, evitando a poluição", disse o secretário.
O segundo sistema, chamado Sigma (Sistema de Gestão de Meio Ambiente) objetiva trabalhar com as atividades de licenciamento, monitoramento e fiscalização de forma integrada. "É por meio dele que temos o controle total de todas as licenças, prazos, pendências e penalidades. Este processo integrado não existia aqui em Marechal. Conseguimos organizar as atividades e, agora, temos o controle", pontuou. Gonzalez.
O gestor comentou que o grande desafio, hoje, é aproximar a sociedade, pois "tudo vem dela e volta para ela". "É uma luta constante entre o meio ambiente e a própria população, mas vamos conseguir adequar as situações e promover o desenvolvimento ambiental da região, que tem um grande potencial".
Na visão do prefeito, Cláudio Filho Cacau, o desejo é que o município tenha um desenvolvimento sustentável ambientalmente, levando em conta que a cidade agrega um "turismo de natureza".
"Queremos o desenvolvimento do nosso município, porém, que seja um desenvolvimento sustentável ambientalmente. Marechal Deodoro tem lagoas e praias, das mais bonitas do país, e nós precisamos pensar e fazer um desenvolvimento diferenciado, que não venha prejudicar a vocação que o município tem para o turismo de natureza. Entendemos que cuidar do meio ambiente é cuidar da saúde pública, do bem-estar e, principalmente, da educação dos deodorenses", frisou Cacau.
Comgazetaweb
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